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O enigma de Tuchel no Campeonato do Mundo: seis dilemas para o treinador inglês

A campanha impecável da Inglaterra nas eliminatórias elevou as expectativas a um nível raramente visto em um grande torneio. Mas a sete meses do início do Campeonato do Mundo, Thomas Tuchel ainda tem de tomar algumas decisões complicadas que podem determinar a campanha da Inglaterra.

O treinador alemão mudou o espírito e a mentalidade da equipa, mas a próxima fase exige clareza nas escolhas, na hierarquia do plantel e no equilíbrio das estrelas.

Otimismo renovado

Nos primeiros oito meses de Tuchel no comando da seleção, a energia na concentração inglesa mudou bastante. Tuchel gostou do tempo que passou com a equipa, mesmo que agora tenha de esperar muito tempo até poder voltar a trabalhar com ela em março.

A sua nomeação foi inicialmente recebida com ceticismo, mas os resultados confirmaram a aposta ousada da FA, uma vez que os jogadores reagiram aos seus métodos.

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Em torneios anteriores, a Inglaterra chegou ao torneio com bom ânimo, mas o atual otimismo resulta de uma curva de forma sem precedentes na fase de qualificação. De acordo com o Goal.com, esta é a primeira vez que a Inglaterra vence todos os seus jogos antes de um Campeonato do Mundo e não sofre golos.

O seu último jogo, uma corajosa e tardia vitória por 2-0 na Albânia, sublinhou a sua nova falta de respeito.

O capitão Harry Kane resumiu o estado de espírito quando disse: "Este é o melhor que alguma vez tivemos.... Vamos para o torneio como um dos favoritos e temos de aceitar isso. As suas palavras, citadas no relatório original, reflectem uma equipa que se sente pronta para dar um grande passo em frente.

Decisões importantes

Embora a equipa tenha o momento a seu favor e espere acabar com uma seca de 60 anos, ainda existem algumas questões importantes em torno do plantel. Tuchel resolveu muitos problemas iniciais, mas ainda precisa de respostas antes de a Inglaterra viajar para os EUA, México e Canadá no próximo verão.

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Jude Bellingham no centro das atenções

O Goal.com considera que a presença ou ausência de Jude Bellingham domina as conversas no futebol inglês. Mesmo quando não estava na equipa em outubro, a sua ausência foi um dos principais tópicos de conversa.

O seu regresso contra a Albânia reacendeu o debate, especialmente depois de ter reagido com uma ligeira frustração quando foi substituído.

Tuchel disse que estava surpreendido com a atenção dada ao incidente e disse aos jornalistas que teria de "verificar o assunto". Tuchel reiterou a sua posição sobre a disciplina e o trabalho de equipa, afirmando: "Para nós, tudo se resume a regras, empenho e respeito pelos outros. Não vamos mudar a nossa decisão só porque alguém abana os braços.

A revelação anterior do artigo de que a mãe de Tuchel considerou certos aspectos do comportamento de Bellingham "repugnantes" continua a ser o centro das atenções. No futuro, o treinador poderá ter de aceitar a natureza combativa do médio e evitar comentários que reforcem as críticas.

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Vida sem Kane?

Com os seus dois golos contra a Albânia, Kane ultrapassou Pelé na lista de goleadores internacionais e confirmou o seu papel central nesta equipa. O relatório original sublinha que, desde 2019, marcou mais golos do que qualquer outro europeu nas competições de qualificação e nove em nove jogos sob o comando de Tuchel.

Mas a questão mantém-se: o que acontece se ele não estiver disponível? A Inglaterra contou muito com ele durante o Euro 2024, mesmo que não tenha feito muito, e a sua carga de trabalho no Bayern de Munique pode ser enorme em junho.

Conor Coady expressou uma opinião generalizada quando disse à BBC Radio 5 Live: "Não quero pensar numa Inglaterra sem Harry Kane". A preocupação é compreensível, já que o último plantel de Tuchel não tinha um atacante substituto reconhecido após a demissão de Ollie Watkins. Jarrod Bowen e Marcus Rashford têm sido utilizados como soluções de reserva, mas a Inglaterra vai precisar de uma alternativa mais sólida no próximo verão.

Dilemas defensivos

Com o regresso de John Stones, Tuchel tem agora metade da sua defesa central preferida à sua disposição. Stones traz experiência e serenidade.

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Dan Burn teve dificuldades na Albânia, enquanto Marc Guehi, que desempenhou um papel notável no Euro 2024, caiu de forma imprevisível na hierarquia e nem sequer jogou quando estava apto para o jogo com a Letónia. Guehi perdeu o último estágio com um problema no pé, Ezri Konsa era um bom substituto antes de um problema na panturrilha o impedir de jogar, e Jarell Quansah ainda não encontrou seu lugar na seleção principal.

A estabilidade é importante, mas o tempo está a esgotar-se.

Mudar de lado

As decisões de Tuchel na defesa central têm sido fortemente influenciadas pelas circunstâncias do clube. Myles Lewis-Skelly, que marcou o primeiro golo da era Tuchel, perdeu o seu lugar no Arsenal para Riccardo Calafiori e quase nunca é utilizado.

Nico O'Reilly, do Manchester City, foi titular nos dois últimos jogos e tornou-se um dos candidatos a um lugar no Campeonato do Mundo.

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Na direita, o mau início de Trent Alexander-Arnold no Real Madrid custou-lhe o lugar em Inglaterra em setembro. Apesar das suas qualidades, só foi titular três vezes esta época sob o comando de Xabi Alonso, pelo que Tuchel tem poucos argumentos para o colocar em campo. Outros candidatos, como Tino Livramento e Reece James, também têm problemas físicos.

Na primavera, a Inglaterra poderá contar com laterais que tenham um ritmo competitivo mais consistente.

A pergunta de Foden

O regresso de Phil Foden à equipa titular deixou impressões mistas. Contra a Sérvia, ele deu assistência a Eberechi Eze e, na Albânia, saiu do banco, mas não foi titular em nenhum dos jogos. O facto foi uma surpresa para muitos, uma vez que Tuchel tinha prometido "papéis centrais" para Foden e Bellingham.

O técnico sugeriu que era taticamente desfavorável jogar com Foden, Bellingham e Kane juntos, já que ele prefere a posição central. Por isso, o trio só jogou 22 minutos na Albânia.

Foden já se acostumou com a rotatividade no Manchester City, e há poucos sinais de que ele considere um papel de substituto inferior a ele. No entanto, a sua paciência poderá ser posta à prova se for relegado para o banco de suplentes no Campeonato do Mundo, embora possa ser precioso contra adversários cansados.

Lado esquerdo desordenado

A lateral esquerda da Inglaterra deixou de ser um ponto fraco para se tornar uma área de grande concorrência no Euro 2024. Marcus Rashford ressurgiu no Barcelona e deu uma assistência para o segundo golo de Kane na Albânia. Eze, que desiludiu em Tirana, marcou em três jogos consecutivos como suplente.

Anthony Gordon, que foi elogiado pelo seu desempenho na vitória por 5-0 sobre a Letónia, ainda está no bom caminho para recuperar a sua forma.

Tuchel foi criticado quando convocou Rashford em março, apesar dos seus problemas no Manchester United sob o comando de Ruben Amorim, mas o risco valeu a pena. Para já, Rashford e Gordon lideram a luta pelo lugar de titular, com Eze a oferecer flexibilidade tática como defesa central.