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O sonho de Hamilton na Ferrari vira pesadelo, a temporada que expôs tudo

Uma chegada carregada de expectativas

Quando Lewis Hamilton entrou pela primeira vez em Maranello como piloto da Ferrari, o peso simbólico foi imediato. O heptacampeão do mundo juntava se à equipa mais icónica da Fórmula 1, uma combinação repleta de história e pressão.

Segundo o jornalista da ESPN Laurence Edmondson, a Ferrari construiu cuidadosamente a narrativa da contratação como o início de um renascimento competitivo. Uma sessão fotográfica com um Ferrari F40 em frente à antiga casa de Enzo Ferrari espalhou se rapidamente pelas redes sociais, reforçando o lado emocional da mudança e a ligação antiga de Hamilton à marca.

Hamilton alimentou essa história nos primeiros meses. Falou de sonhos de infância, da ferida aberta desde 2021 e da convicção de que a Ferrari poderia devolvê lo à luta pelo título após mais de uma década na Mercedes.

Com o passar do tempo, o entusiasmo começou a desaparecer.

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Frustração pública e desgaste emocional

Com os resultados a não aparecerem, o tom de Hamilton mudou de forma visível. Segundo a ESPN, as suas intervenções públicas tornaram se mais curtas e tensas à medida que os problemas nas qualificações se acumulavam.

O momento mais crítico surgiu na Hungria, quando Hamilton se descreveu como “absolutely useless” e sugeriu que a Ferrari “probably need to change driver”. No Brasil, a situação agravou se ainda mais, ao classificar a temporada como um “nightmare” e ao falar abertamente do impacto emocional de correr pela Ferrari sem resultados.

O presidente da Ferrari, John Elkann, reagiu ao afirmar que os pilotos deveriam “concentrar se em pilotar e falar menos”. Tanto Hamilton como o colega Charles Leclerc minimizaram depois qualquer conflito interno, mas o episódio evidenciou a dimensão pública da crise.

Um carro com problemas estruturais

Para lá do aspeto emocional, os problemas eram essencialmente técnicos. Segundo Frédéric Vasseur, chefe de equipa da Ferrari, em declarações citadas pela ESPN, o carro de 2025 precisava de andar extremamente baixo para ser competitivo, correndo o risco de infringir as regras relacionadas com o desgaste da prancha.

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Esse risco tornou se realidade na China, onde ambos os carros da Ferrari foram desclassificados após a corrida. A partir daí, a equipa passou a dedicar grande parte do desenvolvimento à legalidade do monolugar, em vez de ao desempenho puro.

Vasseur admitiu que a Ferrari teve de “pagar a conta durante um terço da temporada”. Já em abril, a equipa decidiu concentrar quase todos os recursos no regulamento de 2026, aceitando que 2025 ficaria comprometido.

Uma adaptação mais difícil do que o previsto

Segundo Vasseur, a Ferrari também subestimou o desafio da adaptação de Hamilton após cerca de 20 anos em ambientes ligados à Mercedes. Sistemas, processos e detalhes técnicos eram completamente diferentes, um fator decisivo num pelotão separado por margens mínimas.

“Não é melhor nem pior, é apenas diferente”, explicou Vasseur, destacando como pequenas perdas se acumulavam rapidamente.

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Hamilton terminou o campeonato no sexto lugar, 86 pontos atrás de Leclerc, sem qualquer pódio em grandes prémios. Segundo a ESPN, estes números pareciam mais graves do que as diferenças reais, já que muitas sessões de qualificação foram decididas por centésimos.

Uma temporada sacrificada, mas não um abandono

Apesar do desfecho negativo, Hamilton deixou claro que a sua paixão pelas corridas continua intacta. Segundo a ESPN, falou até ao final da época sobre o amor pelo desporto e a importância de manter a esperança.

Na Ferrari, 2025 passou a ser encarado como um ano de transição necessário. O foco está agora numa melhor compreensão mútua, numa colaboração mais eficaz e na atenção aos pequenos detalhes, aspetos que Vasseur considera essenciais para evoluir.

Tal como as obras ainda em curso em Maranello, o projeto permanece inacabado. Se este processo levará a Ferrari de volta ao topo ou apenas prolongará a espera, só o novo ciclo regulamentar o dirá.

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Sources: ESPN, reportagens de Laurence Edmondson, comunicados da equipa Ferrari

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