Como a FIFA pode intervir na suspensão de Ronaldo? Um olhar sobre o histórico por trás das suas decisões
Cristiano Ronaldo entrará na Copa do Mundo de 2026 com um alerta disciplinar ainda pendente, mas sem a suspensão que muitos esperavam.
Sua expulsão por dar uma cotovelada em Dara O’Shea durante uma partida das eliminatórias contra a República da Irlanda gerou dias de especulações sobre a possibilidade de ele perder parte do torneio. Essas discussões cessaram quando a FIFA interveio embora não da forma que os críticos imaginavam.
De acordo com a BBC, a FIFA colocou a maior parte da suspensão de três jogos de Ronaldo sob condicional por um ano, destacando seu histórico disciplinar limpo em 225 partidas pela seleção.
Ele já cumpriu o primeiro jogo da punição, e os dois restantes só serão aplicados caso ele cometa uma infração semelhante nos próximos doze meses. Para Portugal, isso significa que seu maior artilheiro da história estará disponível desde o apito inicial em um torneio que deve ser o último de sua carreira.
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Por que a FIFA pôde intervir
A decisão pode parecer incomum, mas o código disciplinar da FIFA concede ampla margem de manobra às suas instâncias judiciais. Os artigos 25 e 27 permitem que elas anulem, reduzam ou suspendam sanções quando entenderem que as circunstâncias o justificam.
Se essa flexibilidade gera justiça ou inconsistência depende de quem avalia, mas há muito tempo ela faz parte da maneira como a organização lida com disciplina em grandes competições.
Um dirigente familiarizado com casos anteriores que falou sob anonimato, já que as deliberações disciplinares não são públicas explicou que os comitês geralmente consideram a intenção do jogador, seu histórico e “o contexto mais amplo”, incluindo a proximidade de grandes torneios. Ainda assim, decisões como a de Ronaldo inevitavelmente atraem atenção.
Um longo histórico de decisões caso a caso
A FIFA raramente trata dois casos disciplinares da mesma maneira. Em alguns anos, jogadores se beneficiaram com reduções de punições pouco antes de torneios importantes; em outros, recursos não surtiram efeito.
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Alguns exemplos:
- Laurent Koscielny foi liberado para disputar a Copa de 2014 depois que a FIFA decidiu não estender uma punição recebida nos playoffs.
- Mario Mandzukic, também em 2014, cumpriu apenas uma partida após uma falta grave e marcou dois gols no jogo seguinte pela Croácia.
- Phillip Cocu, antes da Copa de 2006, cumpriu sua suspensão durante as eliminatórias e pôde atuar na estreia.
Nem todos tiveram a mesma sorte:
- Makoto Hasebe, mesmo com a pena reduzida, perdeu a estreia do Japão em 2010.
- Mike Hanke cumpriu integralmente sua suspensão de dois jogos na Copa de 2006, já que a Alemanha, como país-sede, não tinha mais jogos oficiais antes do torneio para absorver a pena.
Mais recentemente, Tarek Salman, Moisés Caicedo e Nicolás Otamendi foram todos suspensos para a primeira partida de suas seleções no próximo verão.
A experiência inglesa com a disciplina
A flexibilidade disciplinar não é exclusiva do torneio masculino. Na Copa do Mundo Feminina de 2023, Lauren James voltou antes do previsto depois que a FIFA reduziu o que muitos achavam que seria uma suspensão de três jogos.
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E antes da Euro 2012, Wayne Rooney conseguiu reduzir por meio de apelação uma suspensão de três partidas por agredir um adversário, cumprindo apenas dois jogos antes de marcar na vitória decisiva da Inglaterra sobre a Ucrânia.
O que isso significa para Portugal
Para Portugal, a liberação de Ronaldo elimina uma complicação significativa em um grupo que promete ser bastante competitivo.
A comissão técnica da seleção evitou críticas públicas ao processo disciplinar, embora um auxiliar tenha dito na semana passada que “clareza ajuda no planejamento” comentário amplamente interpretado como um alívio diante da resolução precoce da questão.
Ainda assim, uma punição condicional não deixa de ser um risco. Um momento de má decisão entre agora e o próximo verão pode ativar a suspensão restante uma preocupação que seguirá em segundo plano enquanto Portugal define sua equipe.
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Um debate contínuo
A cada ciclo de Copa do Mundo, ressurge uma pergunta familiar: a FIFA deveria aplicar suas punições com mais rigidez ou a flexibilidade proporciona resultados mais justos? O caso de Ronaldo dificilmente encerrará esse debate.
O que ele confirma, no entanto, é que a FIFA continua tratando suspensões de forma contextual, e não automática o que garante que cada decisão será analisada detalhadamente e, por vezes, contestada, à medida que o maior palco do futebol se aproxima.
Fontes: BBC
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