FIFA anuncia nova regra para os jogos da Copa do Mundo de 2026
A FIFA anunciou que todos os jogos do Campeonato do Mundo de 2026 terão agora uma pausa de hidratação de três minutos em cada parte. Os árbitros irão interromper o jogo por volta dos 22 minutos, independentemente da temperatura, das condições do estádio ou da existência de climatização no recinto.
A nova regra formaliza uma tendência que surgiu durante o Mundial de Clubes deste ano, realizado nos Estados Unidos, onde o calor e a humidade levaram os organizadores a reduzir os critérios para pausas de arrefecimento e a melhorar o acesso à água junto ao relvado.
Segundo o The Guardian, esta norma atualizada substitui um protocolo anterior que apenas era ativado quando a temperatura do globo de bulbo húmido atingia os 32 °C um limite estabelecido após as preocupações levantadas durante o Mundial de 2014 no Brasil.
Consultores em ciência do desporto que colaboram com a FIFA afirmam que pausas previsíveis permitem às equipas médicas planear estratégias de hidratação de forma mais eficaz.
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No entanto, alguns treinadores admitem, em privado, não saber como estas interrupções afetarão o ritmo do jogo, o embalo das equipas ou os ajustes táticos. Várias federações nacionais deverão testar o novo sistema durante os jogos amigáveis da primavera, de forma a prepararem-se para a mudança.
Reações: entre preocupações táticas e suspeitas comerciais
O anúncio suscitou rapidamente comentários de jornalistas e ex-jogadores. No X (antigo Twitter), Henry Winter, editor principal de futebol do The Times, argumentou que a medida altera o ritmo fundamental do jogo:
“Um jogo de duas partes passa a ser um jogo de quatro períodos. As pausas de 3 minutos da FIFA em todos os jogos do Mundial ajudam os jogadores com o calor, já ocorrem frequentemente como tempos técnicos, são familiares ao público dos EUA e são um banquete (com bebida gaseificada) para os anunciantes de TV.”
A sua publicação captou uma preocupação comum: que estas pausas fixas se assemelham à estrutura dos desportos americanos como a NFL e a NBA — formatos desenhados para interrupções frequentes e espaços publicitários.
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O antigo internacional norte-americano e analista da ESPN, Herculez Gomez, partilhou o mesmo receio, mas de forma mais incisiva. Numa publicação reagindo à nova regra, escreveu:
“‘As pausas de hidratação serão impostas em todos os jogos, independentemente das condições meteorológicas’... Ou seja: intervalos comerciais. A FIFA está a usar ‘medidas de segurança’ como desculpa para transmitir anúncios publicitários no meio de cada jogo.
O jogo morreu.”
Os seus comentários repercutiram entre adeptos já preocupados com aquilo que consideram ser uma crescente camada de entretenimento ao estilo americano aplicada aos torneios globais.
Preocupações mais amplas sobre a identidade do futebol
Este debate insere-se numa conversa mais abrangente sobre a forma como o futebol está a ser apresentado. Adeptos por toda a Europa têm manifestado desconforto com espetáculos de luzes elaborados, programas prolongados no intervalo e cerimónias pré-jogo carregadas de elementos comerciais nos eventos recentes da FIFA.
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Alguns grupos de adeptos defendem que estes elementos desviam o futebol do seu caráter de fluxo contínuo, transformando-o num produto de entretenimento moldado por interesses comerciais.
Por outro lado, há quem aponte que as pausas para hidratação já existem há anos em várias ligas nacionais, muitas vezes de forma informal. Para esses, a nova regra do Mundial apenas vem dar estrutura a algo que já acontece, oferecendo consistência às equipas que jogam em climas diversos.
E agora?
A FIFA defende que a medida tem como objetivo principal o bem-estar dos jogadores e faz parte de um protocolo normalizado para um torneio global disputado em múltiplos ambientes.
Espera-se que a IFAB finalize as orientações operacionais antes do verão, e as equipas serão informadas sobre o calendário, o equipamento necessário e eventuais restrições nas discussões táticas durante as pausas.
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Se estas interrupções passarem despercebidas ou se tornarem um tema central do Mundial 2026 dependerá de quão evidentes forem durante os jogos e de como os meios de comunicação irão aproveitar esse tempo adicional.
Fontes: The Guardian; The Times; publicações nas redes sociais de Henry Winter e Herculez Gomez.
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