Fifa é acusada de flexibilizar regras para garantir a presença de Ronaldo na Copa de 2026
Decisões de Infantino
A discussão sobre as prioridades da Fifa se arrasta há mais de um ano. Quando o The Athletic revelou que Gianni Infantino pretendia incluir o Inter Miami no Mundial de Clubes de 2025, surgiram dúvidas imediatas sobre a legitimidade esportiva da escolha.
Infantino qualificou o clube como “participante merecido”, mesmo com a temporada ainda em andamento e com a equipe posteriormente eliminada precocemente dos playoffs.
Muitos analistas interpretaram a medida como uma tentativa de garantir a presença de Lionel Messi em um torneio que historicamente tem dificuldade para gerar grande interesse global.
Como o Mundial de Clubes costuma ser tratado como evento preparatório, a polêmica foi relativamente discreta. O mesmo, porém, não se aplica à Copa do Mundo.
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Expulsão e repercussões
No jogo das eliminatórias entre Portugal e Irlanda, em Dublin, o Video Assistant Referee revisou um lance em que Ronaldo acertou o cotovelo nas costas de Dara O’Shea.
A advertência inicial foi transformada em cartão vermelho após a análise das imagens. Segundo diversos veículos, Portugal já estava atrás no placar e a frustração do jogador era evidente enquanto ele deixava o campo.
O técnico irlandês, Heimir Hallgrímsson, afirmou depois que Ronaldo o acusou de influenciar o árbitro, algo que ele atribuiu à tensão do momento.
Normalmente, uma conduta violenta resulta em suspensão de três partidas de acordo com o regulamento disciplinar da Fifa. Isso deixaria Ronaldo fora do último jogo das eliminatórias e também dos dois primeiros compromissos de Portugal na Copa de 2026.
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O treinador português, Roberto Martínez, inicialmente minimizou a gravidade do lance e depois destacou que Ronaldo jamais havia sido expulso pela seleção, argumento que se tornou central na defesa apresentada por Portugal.
Clemência inesperada
Nesta semana, a comissão disciplinar da Fifa anunciou que duas das três partidas de suspensão seriam suspensas por um ano, sendo aplicadas apenas se Ronaldo cometesse infração semelhante no período.
Especialistas em direito esportivo consultados por veículos europeus afirmaram que não há precedente comparável para um caso recente de conduta violenta.
A decisão também chamou atenção pelo momento em que foi divulgada. Dias antes, Ronaldo havia sido visto em um jantar oficial na Casa Branca ao lado do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, de Gianni Infantino e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Para críticos, a cena ilustra a influência internacional que o jogador ainda exerce, mesmo aos 40 anos.
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Consequências mais amplas
No mesmo dia, a Fifa confirmou que as seleções cabeças de chave, incluindo Espanha, Argentina, França e Inglaterra, só poderão se enfrentar a partir das semifinais caso vençam seus respectivos grupos.
Especialistas em governança esportiva consultados por publicações especializadas afirmam que a medida alimenta a percepção de que interesses televisivos e de bilheteria têm peso crescente nas decisões competitivas.
A decisão pode ainda servir como precedente. Jogadores punidos futuramente por agressões poderão usar o caso Ronaldo como argumento para buscar reduções semelhantes, o que pode dificultar o trabalho dos comitês disciplinares.
Mais contexto
A controvérsia surge enquanto a Fifa se prepara para a primeira Copa do Mundo com 48 seleções, organizada conjuntamente por Estados Unidos, Canadá e México. A expansão aumentará distâncias de viagem, exigências logísticas e o peso das expectativas comerciais associadas ao torneio.
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Embora atualmente atue na liga saudita, Ronaldo continua a ser uma das figuras mais reconhecíveis do esporte global. Sua presença atrai patrocinadores, emissoras e torcedores, e sua influência nas redes sociais supera a de muitas federações nacionais.
Críticos lembram ainda que esta não é a primeira vez que a Fifa enfrenta acusações de favorecer jogadores midiáticos ou mercados maiores. Decisões sobre cabeças de chave, alterações de calendário e formatos ajustados para maximizar audiência já geraram controvérsias no passado.
Foco no futebol
Com o sorteio da fase de grupos marcado para 5 de dezembro em Washington, a atenção pública deverá migrar progressivamente para o torneio em si.
Ainda assim, muitos observadores defendem que a Fifa precisa demonstrar que suas decisões se baseiam em regras consistentes e não na proteção de atletas de grande visibilidade.
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Ronaldo, que antes da partida contra a Irlanda afirmou que tentaria ser “um bom menino”, seguirá para a Copa de 2026 sob um nível de escrutínio pouco comum fora do ambiente da própria competição.
