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Será que Oscar Piastri realmente deixaria Lando Norris passar? A McLaren enfrenta uma questão de alto risco em Abu Dhabi.

A temporada da Fórmula 1 chega ao seu final, e a McLaren enfrenta uma pergunta que pode definir seu ano e talvez até seu futuro:

Se Lando Norris precisar de ajuda para conquistar seu primeiro título mundial, Oscar Piastri realmente cederia a posição?

É um cenário que a equipe evitou durante toda a temporada, e um tema que deixa os pilotos visivelmente desconfortáveis. Mas com o Grande Prêmio de Abu Dhabi decidido a definir o título de 2025, essa pergunta não pode mais ser evitada.

Uma filosofia posta à prova

As chamadas regras papaya da McLaren, a filosofia da equipe de permitir que Norris e Piastri corram livremente, desde que evitem contato, foram ao mesmo tempo elogiadas e questionadas no paddock.

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Segundo o The Independent, essas regras foram criadas para manter as disputas limpas e justas entre os dois pilotos após uma série de momentos tensos dentro da equipe no início da parceria.

A abordagem tem funcionado na maior parte do tempo. Ambos os pilotos chegam à última etapa ainda com chances matemáticas de conquistar o campeonato. O Motorsport.com detalhou os cenários no início da semana: Norris tem uma vantagem de 12 pontos sobre Max Verstappen, com Piastri mais quatro pontos atrás. Norris precisa apenas terminar em terceiro para garantir o título sem depender de mais nada.

Mas essa matemática também cria uma possibilidade desconfortável que a McLaren não pode ignorar: a de que os pilotos terminem lado a lado com o campeonato em jogo.

Uma pergunta que ninguém queria fazer

Durante uma sessão de imprensa no paddock antes da corrida, a apresentadora da Sky Sports, Rachel Brookes, fez a pergunta que pairava sobre a decisão do título. Ela propôs um cenário: Piastri em terceiro lugar, Norris logo atrás em quarto, com Verstappen liderando. Piastri seria esperado para ceder sua posição se suas próprias chances de título já estivessem fora de alcance?

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Norris se mexeu ligeiramente na cadeira antes de responder, um gesto sutil observado pela Fox Sports Australia, que descreveu os dois pilotos como visivelmente desconfortáveis com o tema.

"Não, isso não foi discutido", disse Norris. Ele admitiu que o cenário obviamente o beneficiaria, e que provavelmente faria o mesmo se os papéis fossem invertidos, mas afirmou que não se sentia à vontade para pedir isso. Mais tarde, acrescentou que, se perdesse o título dessa forma, "é isso, parabéns para ele, e que venha o próximo ano".

Não foi a resposta de alguém que espera um favor fácil.

A resposta cautelosa de Piastri

Quando o mesmo cenário foi apresentado a Piastri, a tensão na sala de imprensa aumentou.

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Ainda com chances matemáticas, o Motorsport.com ressaltou que uma corrida caótica ainda poderia colocá-lo na disputa, Piastri recusou-se a ceder qualquer posição publicamente.

"Rachel perguntou isso ao Lando", respondeu ele, desviando da questão antes de repetir que a equipe não discutiu nenhum tipo de ordem de equipe. Acrescentou que não poderia dar uma resposta até saber o que é esperado de mim.

Sua linguagem corporal, notada por vários jornalistas no local, falou por si: braços cruzados, ombros tensos, olhar evitando as câmeras. Ele não disse que não ajudaria Norris, mas certamente também não disse que ajudaria.

A McLaren vai intervir?

O chefe da equipe, Andrea Stella, enfatizou repetidamente que a McLaren nunca quis depender de ordens de equipe, algo que reafirmou no início desta temporada. O Speedcafe relatou que Stella chegou a minimizar a existência das regras papaya, sugerindo que a verdadeira prioridade da McLaren é evitar colisões, e não manipular resultados.

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Mas campeonatos não se decidem em debates filosóficos. Eles dependem de decisões difíceis, muitas vezes impopulares.

Como destacou o Coffee Corner Motorsport na prévia de Abu Dhabi, Yas Marina tem um histórico de forçar equipes a tomarem decisões estratégicas que nunca planejaram.

Se o título estiver em disputa entre três carros separados por quatro segundos, a McLaren pode ter de abandonar sua abordagem idealista.

E Piastri, ainda no início de sua carreira, extremamente competitivo e comprometido com a trajetória de longo prazo da equipe, pode se ver diante de uma decisão que mudará mais do que apenas uma corrida.

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Seja qual for o desfecho, as regras papaya nunca enfrentaram uma pressão tão grande quanto agora.

Fontes: Sky Sports, Motorsport.com, Fox Sports Australia, The Independent, Speedcafe, Coffee Corner Motorsport