UEFA coloca clubes com múltiplos proprietários em risco de exclusão europeia
A UEFA emitiu um novo e claro aviso para os clubes de toda a Europa: aqueles envolvidos em estruturas de multipropriedade devem cumprir todos os critérios de elegibilidade até 1.º de março sem exceções após o fim do prazo.
Esse lembrete vem na sequência do notório caso do Crystal Palace, que foi transferido da Liga Europa para a Conference League após violar essas regras na temporada passada.
Num comunicado distribuído nesta segunda-feira, os responsáveis do organismo deixaram claro que os clubes não devem esperar qualquer flexibilidade, sublinhando que todas as alterações estruturais que afetem o controlo ou a influência sobre a propriedade devem estar concluídas com antecedência suficiente em relação à avaliação para as competições europeias.
Decisão do TAS elimina quaisquer ambiguidades
A posição firme da UEFA surge após debates contínuos sobre uma possível flexibilização do regulamento. No entanto, essas esperanças dissiparam-se depois de o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) ter emitido, na semana passada, uma decisão detalhada que apoiou a interpretação rigorosa do organismo regulador.
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Segundo informações da BBC, a UEFA proíbe que dois clubes pertencentes ao mesmo grupo de proprietários participem na mesma competição europeia. Em caso de conflito, o clube que tiver terminado em posição inferior no seu campeonato nacional deverá abdicar da sua vaga europeia.
Embora esta norma exista há bastante tempo, raramente havia sido posta à prova. Tudo mudou no ano passado, quando o Órgão de Controlo Financeiro de Clubes da UEFA antecipou a data de avaliação anual de 1 de junho para 1 de março, citando preocupações com o rápido crescimento das redes de clubes e o seu impacto potencial na integridade competitiva.
A decisão teve consequências imediatas. O Palace, juntamente com o Drogheda United e o FC DAC 1904 da Eslováquia, foram considerados não conformes. No caso do Palace, o TAS concluiu que o então coproprietário John Textor exercia influência decisiva tanto no clube da Premier League como no Lyon, de França. O tribunal também confirmou que a UEFA não dispõe de qualquer mecanismo que permita reestruturações após o fim do prazo de março.
Objetivo da UEFA: clareza competitiva
A UEFA reiterou que esta política visa proteger as competições europeias de potenciais conflitos de interesses. O prazo antecipado, argumenta, dá aos clubes expectativas claras ao planearem ajustes de propriedade ou novos investimentos antes de uma eventual qualificação.
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Para os dirigentes da UEFA, a previsibilidade é essencial. Com a proliferação de modelos de multipropriedade, a UEFA considera que um calendário rígido evita manobras de última hora que possam comprometer a integridade dos torneios.
UEFA rejeita acusações de tratamento desigual
Durante o seu recurso, o Crystal Palace alegou que outros clubes incluindo o Nottingham Forest e o Strasbourg, este último propriedade do grupo BlueCo (do Chelsea) haviam recebido mais tempo para resolver possíveis conflitos com o Olympiakos ou o próprio Chelsea.
O TAS rejeitou essa alegação, salientando que esses cenários hipotéticos nunca se concretizaram, pois os clubes não conseguiram qualificar-se para a mesma competição. Assim, a regra nunca foi ativada e a forma como a UEFA lidou com esses casos não constituiu tratamento preferencial.
A mais recente comunicação da UEFA parece ter como objetivo evitar disputas semelhantes. A mensagem é inequívoca: os clubes ligados através de estruturas de multipropriedade devem resolver quaisquer conflitos de propriedade até março ou arriscam-se a perder o seu lugar nas competições europeias da próxima temporada.
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Esta política poderá ter implicações significativas para grupos como a INEOS, que controla tanto o Manchester United como o Nice que poderão enfrentar um maior escrutínio caso ambos se qualifiquem para torneios europeus.
Fontes: BBC, TAS
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