Fórmula 1

A nova ordem financeira da Fórmula 1

Nos últimos anos, a Fórmula 1 deixou de ser um esporte automobilístico de nicho para se tornar um ecossistema completo de mídia. Segundo dados de avaliação da Forbes, o novo contrato de transmissão nos Estados Unidos assinado com a Apple TV estimado em cerca de 140 milhões de dólares por ano durante cinco anos é um dos sinais mais claros desta nova era comercial.

O crescimento também foi impulsionado pela série Drive to Survive da Netflix, por um longa-metragem em produção protagonizado por Brad Pitt, além dos planos confirmados da Cadillac de entrar no campeonato.

Essa onda de atenção fez com que os valores de mercado de todas as equipes disparassem, com cada uma delas agora superando confortavelmente a marca de um bilhão de dólares.

Equipes em ascensão e novos cosncorrentes

A Haas, que estreou na categoria em 2016, ocupa o décimo lugar com uma avaliação de 1,5 bilhão de dólares, segundo a Forbes. Apesar de estar passando por um ano de transição com os novos pilotos Esteban Ocon e Oliver Bearman, a equipe americana registrou 150 milhões de dólares em receita e um lucro operacional modesto.

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Logo à frente estão os Racing Bulls, avaliados em 2,3 bilhões de dólares. A temporada de 2025 trouxe uma das maiores surpresas do ano: o pódio inesperado de Isack Hadjar no Grande Prêmio da Holanda. A recuperação de Liam Lawson após uma mudança precoce na formação ajudou a equipe a manter a sexta posição no campeonato.

Equipes do meio do pelotão em transformação

A Sauber, avaliada em 2,4 bilhões de dólares, está passando por mais uma reinvenção. Com uma parceria estratégica que abre caminho para a entrada oficial da Audi em 2026, a equipe está aproveitando fortes relações comerciais com empresas como Puma e Stake enquanto se prepara para seu próximo capítulo.

Logo acima está a Alpine, avaliada em 2,45 bilhões de dólares pela Forbes. Embora os resultados na pista sejam instáveis, a equipe controlada pela Renault tem se mantido estável financeiramente.

Novos acordos de patrocínio com MSC Cruises, Castore e Oakberry, juntamente com a renovação de contrato de Pierre Gasly até 2028, ajudaram a compensar perdas operacionais previstas.

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Um nome histórico em reconstrução

A Williams, avaliada em 2,5 bilhões de dólares, segue com um dos projetos de reconstrução mais notáveis do grid. Desde a aquisição pela Dorilton Capital em 2020 e a mudança de liderança com o chefe de equipe James Vowles, a equipe vem se reposicionando como uma força competitiva.

A dupla de pilotos para 2025 — Carlos Sainz Jr. e Alex Albon — fortalece ainda mais essa trajetória ascendente.

Gigantes financeiros na ponta

A Aston Martin ocupa a quinta posição, com uma avaliação de 3,2 bilhões de dólares. Embora a temporada de 2025 tenha sido desafiadora para Fernando Alonso e Lance Stroll na pista, a estabilidade financeira da equipe permanece firme sob a liderança do presidente Lawrence Stroll.

A Red Bull, avaliada em 4,35 bilhões de dólares, teve uma temporada marcada tanto por eventos fora das pistas quanto por resultados esportivos.

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Relatos sobre um acordo de rescisão de 105 milhões de dólares envolvendo o ex-chefe Christian Horner contribuíram para um ano turbulento, mas a decisão de Max Verstappen de permanecer na equipe até 2026 trouxe alguma estabilidade.

Campeões dentro e fora das pistas

A McLaren, avaliada em 4,4 bilhões de dólares, vive um momento de sucesso esportivo e financeiro. Lando Norris e Oscar Piastri formam uma das duplas mais dominantes dos últimos tempos, com sete vitórias cada nesta temporada.

Com 756 pontos, a McLaren já encaminhou o título de construtores, reforçando sua força comercial.

No topo da tabela de avaliações

A Mercedes, listada com valor de 6 bilhões de dólares, continua sua adaptação ao período pós-Hamilton. A temporada de estreia de Kimi Antonelli e os pódios consistentes de George Russell — incluindo duas vitórias — deram novo impulso competitivo à equipe. Parcerias recentes com Adidas, Signify e Mous equilibram as contas após a saída da Puma e da Tommy Hilfiger.

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No topo da hierarquia financeira está a Ferrari, avaliada em 6,5 bilhões de dólares. A Forbes atribui essa posição de liderança à combinação de um enorme poder comercial com destaque para a parceria de naming rights com a HP, avaliada em cerca de 100 milhões de dólares por ano, uma receita de aproximadamente 670 milhões de dólares e um lucro operacional de 80 milhões.

Apesar da empolgação com a chegada de Lewis Hamilton, a equipe ainda busca representar uma ameaça real ao domínio da McLaren.

O que esse boom representa para o futuro

A valorização crescente da Fórmula 1 indica uma transformação estrutural de longo prazo. À medida que as equipes se fortalecem financeiramente, ganham maior resiliência em momentos de baixa competitiva e se tornam mais atrativas para marcas e investidores globais.

O aumento do interesse de montadoras, a ampliação da exposição midiática e o crescimento dos patrocínios mostram que a evolução da Fórmula 1 ainda está acelerando.

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Com os desafios do teto orçamentário, os debates regulatórios e novos participantes no horizonte, a próxima era do esporte pode ver a disputa pela supremacia comercial tornar-se tão intensa quanto a batalha pelos pontos do campeonato.

Fontes: Forbes, BBC, AP.