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O sistema VAR da Premier League pode estar prestes a passar por uma grande reformulação

Após anos de intensos debates sobre justiça e coerência, o controverso sistema de vídeo-arbitragem da Premier League pode estar prestes a passar por uma grande mudança.

A League Managers Association (LMA) está a propor uma nova estrutura que visa tornar as decisões de arbitragem mais consistentes e fiáveis ao longo da temporada.


Chamados por mudança

Desde a sua introdução em 2019, o sistema de Árbitro Assistente de Vídeo (VAR) dividiu adeptos, jogadores e treinadores. Embora tenha sido criado para corrigir “erros claros e óbvios”, o sistema tem sido criticado por falta de coerência, atrasos e confusão durante os jogos.

Jogos recentes, como o confronto entre Chelsea e Tottenham Hotspur, reacenderam a frustração após incidentes polémicos, como o cartão amarelo mostrado a Rodrigo Bentancur, que reacendeu o debate sobre quando e como o VAR deve intervir.

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Apesar de a tecnologia ter como objetivo promover a justiça, muitos clubes afirmam que ela acabou por introduzir novas incertezas.


Como o VAR funciona atualmente

Atualmente, cada jogo da Premier League conta com uma equipa dedicada em Stockley Park, a sede do VAR em Londres Oeste, onde os oficiais analisam as imagens de vídeo para auxiliar o árbitro principal em campo.

Todas as semanas, os árbitros alternam entre funções: num jogo, apitam no relvado; noutro, atuam como assistentes de vídeo. Isso significa que a voz que o árbitro ouve muda quase a cada partida, o que pode gerar diferenças de comunicação e interpretação.

A força do sistema reside na capacidade de corrigir erros evidentes, como gols em posição irregular, cartões vermelhos não mostrados ou casos de identidade trocada,, mas a sua fraqueza, segundo os críticos, está na aplicação inconsistente de decisões subjetivas, como faltas ou mãos na bola.

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Uma nova proposta

O diretor da League Managers Association, Richard Bevan, propôs uma mudança estrutural significativa. Ele quer que os árbitros trabalhem com os mesmos oficiais do VAR todas as semanas, formando parcerias fixas que promovam o entendimento mútuo e uma comunicação mais fluida.

Bevan apresentou formalmente a proposta ao chefe de arbitragem, Howard Webb, e à organização Professional Game Match Officials Limited (PGMOL), sugerindo que isso poderia reduzir erros e criar um padrão mais consistente de arbitragem ao longo da temporada.

De acordo com The Sun, Bevan acredita que a familiaridade entre os árbitros e seus colegas do VAR resultaria em decisões mais rápidas e confiáveis.


Ajuda ou obstáculo para os árbitros

Os defensores do plano afirmam que a criação de parcerias duradouras pode aliviar a pressão sobre os árbitros.

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Quando os oficiais do VAR compreendem como um árbitro específico interpreta o jogo físico, o contacto ou a vantagem, podem antecipar melhor as suas decisões e comunicar de forma mais eficaz. Isso, por sua vez, permitiria decisões mais rápidas e seguras durante os jogos.

Muitos árbitros reconhecem, em privado, que a constante mudança de parceiros do VAR dificulta o estabelecimento de confiança ou de um ritmo natural durante as partidas. Uma estrutura de equipas fixas, argumentam, reduziria a incerteza e evitaria confusões em momentos que exigem coordenação rápida.

Contudo, alguns alertam que depender de parcerias fixas pode também gerar vieses ou complacência.

Um árbitro que trabalhe sempre com o mesmo oficial do VAR pode tornar-se demasiado dependente dessa relação, comprometendo a objetividade. Outros avisam que a gestão de calendários poderia tornar-se mais complexa, especialmente em períodos de jogos congestionados ou competições internacionais.

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Apoio e ceticismo

Muitos treinadores da Premier League manifestaram apoio à proposta de Bevan, afirmando que equipas estáveis de árbitros e VAR poderiam aumentar a confiança e a coerência em toda a liga.

No entanto, a PGMOL ainda não tomou uma decisão final. A organização reconhece que melhorar a formação, o recrutamento e o desenvolvimento de desempenho continua a ser um desafio a longo prazo, mas afirma que reduzir os erros de arbitragem é a principal prioridade.

Se aprovada, a liga poderá em breve assistir a um futuro em que os árbitros trabalhem regularmente com as mesmas equipas do VAR, uma mudança que poderá redefinir a relação da Premier League com a sua tecnologia mais controversa.

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