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A Inglaterra aposta tudo na IA, e os resultados podem virar o mundo do futebol de cabeça para baixo

A nova caixa de ferramentas digital da Inglaterra

Nos últimos anos, a Federação Inglesa de Futebol montou uma equipa técnica que se assemelha mais a um laboratório tecnológico do que a um departamento esportivo tradicional. Trabalhando ao lado de treinadores e fisioterapeutas, estão agora cientistas de dados, analistas de desempenho e especialistas que usam ferramentas de IA para processar enormes quantidades de informação e transformá-las em materiais compreensíveis para os jogadores.

Para quem não acompanha o mundo do esporte, isso significa que o futebol moderno já não depende apenas de instinto e experiência. As seleções usam IA para identificar padrões recorrentes, prever comportamentos táticos e apresentar análises complexas de forma visual e acessível.

Pênaltis vistos pelos olhos de um algoritmo

Segundo a imprensa britânica, novos softwares aceleraram de forma impressionante a análise de cobradores de pênalti.
Rhys Long, diretor de análise da Federação Inglesa, explicou que a inteligência artificial facilita a identificação de tendências entre jogadores adversários. Um processo que antes levava quase uma semana agora pode ser concluído em poucas horas.

Ex jogadores da seleção, como Conor Coady, afirmam que essa automação reduz a pressão em momentos decisivos. Em vez de adivinhar a direção do chute, goleiros recebem orientações baseadas em dados que melhoram suas decisões durante um pênalti.

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Ler o jogo enquanto ele acontece

A Inglaterra também utiliza sistemas de rastreamento capazes de registrar dezenas de milhares de movimentos por segundo. Esses algoritmos identificam padrões táticos em tempo real, permitindo que analistas detectem oportunidades ou fragilidades muito antes de se tornarem visíveis para o público.

Allistair McRobert, professor da Liverpool John Moores University e colaborador da seleção, descreveu sessões de treino em que os jogadores primeiro analisaram os dados coletados e depois reproduziram as situações em um modelo físico do campo. Segundo ele, essa abordagem melhora tanto a compreensão tática quanto o reconhecimento das qualidades dos companheiros.

Quem fica à margem da revolução tecnológica

Apesar do entusiasmo, a adoção de IA não recebe apoio unânime. Países com grandes orçamentos, como a Inglaterra, têm acesso a softwares avançados e equipes especializadas, enquanto muitas federações menores não dispõem desses recursos.

Tom Goodall, analista da seleção da Islândia, alertou que a tecnologia pode ampliar as disparidades competitivas. Ele destacou que a Inglaterra trabalha com recursos quase ilimitados, enquanto outras seleções precisam operar com meios muito mais reduzidos.

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Long, por sua vez, enfatiza que a tecnologia não deve ser adotada sem critério. Segundo ele, cada federação precisa avaliar se uma nova ferramenta realmente melhora o desempenho ou se está sendo incorporada apenas por ser tendência.

Um esporte redefinido pela informação

Com a Copa do Mundo se aproximando, o caso inglês mostra como o futebol global está entrando em uma nova era. As equipes já não competem apenas com talento, preparação física e estratégia, mas também com a capacidade de interpretar informação de forma mais eficiente do que os adversários. A questão deixou de ser se a IA influenciará o esporte, passando a ser a velocidade com que redefinirá a preparação, a competição e o ato de vencer.

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